quinta-feira, 14 de abril de 2011

senha do dia

Quantas vezes já ouvimos a frase "Foi a vontade de Deus que quis assim"?
Nunca aceitei esse tipo de resignação, que vem apenas como aceitação amarga do que não pude evitar.
As amarguras, as catástrofes, fazem parte da condição humana.
A vontade de Deus é o que fazer diante de todas elas.
A vontade de Deus é continuar a amar, mesmo quando as condições e  as circunstâncias nos dizem o contrário.
A vontade de Deus é ter confiança, que o amor vence tudo. Não existe barreira intransponível para quem crê.
A vontade de Deus é aceitar sim, o inevitável, mas nunca se resignar com a injustiça.

quarta-feira, 9 de março de 2011

chuva da tarde

Pensando, resolvi resolver o meu problema que na hora era a fome e a falta de comida na minha casa. Na tarde chuvosa de hoje, saí, sozinho, em carne.. Meu ipod e minha sobrinha não me deixavam na solidão. Andei poucos metros, algumas quadras, precisamente duas. Avistei um bloquinho de carnaval maravilhoso com 20 pessoas no máximo. Bloco dos lavadores de carro do jurunas, era assim que poderíamos chamar o tal. Tatuagens verdes, rosto "lindo", cicatrizes com marcas da vida, com tudo de pior possível para olhares maternos. O bloco era composto de preconceitos, sempre é assim de longe. Cheguei perto, parei, olhei e acabei ficando. Alegria e irmandade, dava pra ver nos olhos de cada um presente em umas das poucas coisas que unem o homem no mundo. Carnaval? Não, a música.

Belém, Dia 8 de março de 2011. terça feira, 19:02.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ed Motta - Aystelum



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Aystelum é um mundo paralelo concebido por Ed Motta. Em seu novo trabalho, o cantor, compositor, instrumentista e arranjador parte do caminho aberto por “Dwitza” (2001) e incorpora novos elementos a uma sonoridade em constante evolução, mantendo sua marca registrada de sofisticação harmônica.

Ed Motta é apaixonado por música e seu novo álbum reflete seu gosto musical sem fronteiras. Em Aystelum, assim como na vitrola de Ed, convivem em harmonia o jazz, o samba, o soul e os musicais da Broadway. Aliás, a junção desses fragmentos aparentemente dispersos nada mais é do que a própria definição do trabalho de um compositor.


A capa criada por Edna Lopes e Ed Motta, de traço inspirado nos quadrinhos franco-belgas da escola Ligne Claire, oferece algumas pistas para desvendar o mistério de Aystelum. A história sem palavras remete a um universo fantástico e demonstra como a audição do disco pode levá-lo a lugares desconhecidos.

Neste disco, buscou-se uma naturalidade nas interpretações, com os músicos tocando “ao vivo” no estúdio, todos ao mesmo tempo. Poucos detalhes foram adicionados posteriormente – um trabalho no qual Ed é mestre, retratado no documentário sobre a gravação de “Poptical” (2003), ncluído no DVD lançado em 2004.


A busca pela liberdade de expressão é o que move Ed Motta. Assumir riscos é condição fundamental para atingir esse objetivo. No universo de Aystelum, o autor exerce controle absoluto, utilizando-o para realizar um sonho que poderia encontrar limitação no mundo real.

Ed comenta que em sonhos recebeu a inspiração para a criação das palavras originais que dão título ao disco e a vários de seus temas.

Alberto Continentino (baixo), Paulinho Guitarra, Rafael Vernet (teclados) e Renato “Massa” Calmon (bateria) já são presenças constantes nos discos e nos shows de Ed. Aystelum também conta com participações especiais, dentre outros, de Andrés Perez (saxofone tenor) e de seu colaborador freqüente Jessé Sadoc Filho (trompete). O destaque dado por Ed Motta para o trabalho dos músicos é raro nos artistas populares atuais. Talvez por isso seja tão difícil reunir um grupo tão seleto como Ed consegue fazer.

O disco abre com o spiritual jazz Awunism que data da turnê de Dwitza e precisou esperar o momento certo para ser gravado, mas nem por isso perdeu sua urgência. O chileno Andrés Perez faz sua estréia em disco no Brasil com um solo arrasador, de vocabulário post-bop. Laudir de Oliveira, ex-membro da banda Chicago, participa pela primeira vez de um disco de Ed. Na mixagem, um efeito pouco utilizado atualmente – baixo e bateria estão separados, do lado esquerdo e direito, respectivamente – verifique seu equipamento estereofônico!

A segunda faixa é um samba em parceria com Nei Lopes que consegue sintetizar com maestria o ambiente do Rio antigo, a partir de suas Pharmácias (com PH) de estilo art déco. Apesar da referência histórica, este samba aponta para o futuro, a partir da utilização de teclados analógicos e de uma harmonia pouco usual.

Aystelum é a trilha sonora perfeita para o ambiente caracterizado na capa do disco. O tema que dá nome ao disco destaca-se pelo arranjo espacial, em que o curso é alterado a todo momento. No início, Renato “Massa” Calmon utiliza a bateria como um instrumento melódico. Em seguida, um discurso ultra preciso do trompete de Jessé Sadoc Filho. Novamente o tema é executado, com um arranjo diferente, valorizando a melodia, uma das mais belas já compostas por Ed. Ao final, os pianos Rhodes e Celesta, cujos timbres se completam perfeitamente, travam um diálogo incomum.

O samba-jazz de andamento rápido e titulo irônico É Muita Gig Véi utiliza novamente instrumentos pouco usuais no estilo, como os pianos RMI e Multivox, o Hohner Clavinet e o Elka Rhapsody. Destaca-se também o solo de voz de Ed.

Samba Azul conta com a interpretação impecável de uma das melhores vozes brasileiras. Alcione é uma das cantoras favoritas de Ed Motta e este dueto foi gravado no mesmo take, sem overdubs. O Rio de Janeiro sombrio, diferente do habitualmente retratado, é captado na bela letra de Nei Lopes. Curiosidade: A sessão de gravação teve direito a banquete gastronômico, com cozinha típica do Maranhão, cortesia de Alcione.

Na sexta faixa, Balendoah, uma banda de 14 músicos executa um jazz moderno e furioso. A utilização de duas baterias - Tutty Moreno (canal direito) e Renato “Massa” Calmon (canal esquerdo) - e dois baixos – Alberto Continentino e Paulo Russo - dá a sensação de liberdade rítmica à música. O piano RMI, o primeiro piano eletrônico inventado, é ideal para o solo inventivo de Rafael Vernet.

Na seqüência, Ed Motta coloca em prática um antigo sonho de compor para um musical. O arranjo de Jota Moraes, baseado em idéias originais de Ed, remete às trilhas de desenho animado que o autor ouviu na infância e dos musicais da Broadway que aprendeu a gostar já adulto. As três músicas tiradas do musical, Abertura, Na Rua e Canção em Torno Dele contam com a participação do elenco do espetáculo.


O musical “7”, com texto e direção de Charles Moeller, letras de Cláudio Botelho e músicas de Ed Motta, será montado ainda este ano.

A parte final do disco contém músicas que mais se aproximam do trabalho anterior de Ed. A Charada é um pop noturno levado à perfeição pela letra de Ronaldo Bastos e Ed Motta. O solo de Paulinho Guitarra mostra porque Ed o classifica como um de seus guitarristas favoritos.


A ensolarada Patidid é um funk-samba de sotaque carioca, fechando o disco com o sabor do movimento Black Rio. Nesta faixa, assim como em todo o disco, Alberto Continentino utiliza o baixo acústico, o que é raro no idioma do funk.

Na última hora, decidiu-se pela inclusão de Guezagui, um tema executado nos shows europeus da turnê de Poptical, que esconde diversas experimentações de estúdio como a utilização de 2 baterias e 6 pianos Celesta.

Aystelum é o disco mais pessoal de Ed Motta até hoje e representa o melhor que o autor poderia produzir, isto é, o disco que ele gostaria de ouvir em casa.

A experimentação de estilos diversos é surpreendente e estimula novas audições. Em Aystelum não existem preconceitos musicais, nem regras, mas somente a devoção de Ed Motta pela música e a convicção de que um artista deve ter como único compromisso a liberdade de criação.